segunda-feira, 23 de junho de 2014

FIQUE LIGADO NA COPA DO BRASIL



Neste ano de 2014, estamos vivendo um momento especial no Brasil. Esses tempos de Copa do Mundo de Futebol nos remetem ao passado, em outra copa do mundo, mais precisamente o dia 16 de julho de 1950, quando ocorria a final da Copa no Brasil, onde se enfrentaram a seleção uruguaia e a seleção brasileira.

A expectativa era grande em torno do Brasil, que só precisava de um empate (Perdigão, 2000, Nogueira et al, 1994). Entretanto, mesmo diante da vantagem do empate, o Brasil perdeu o jogo para o Uruguai, estabelecendo o que foi uma das maiores e inesquecíveis decepções que o brasileiro enfrentou.  Em meio à decepção foram eleitos como culpados, pela derrota, três atletas negros da seleção (Barbosa, Juvenal e Bigode) (Rodrigues Filho, 1964), exacerbando o sentimento de racismo no Brasil.

O livro de Mário Filho, "O negro no futebol brasileiro", publicado em sua primeira edição em 1947 e reeditado em 1964, foi considerado, até muito recentemente, uma fonte de dados sobre o passado do futebol brasileiro e suas relações sociais. Na segunda edição, as narrativas sobre a derrota, de 1950 ganhou a versão "oficial" de prestígio (Soares, 1998). O racismo, cultivado e denunciado pela reedição de 1964, foi reforçado quando os culpados da derrota surgiram: Barbosa, Bigode e Juvenal. Mário Filho escolheu estes três jogadores para provar a existência do preconceito racial no futebol e chamou esse processo de intensificação do racismo.

Autores como DaMatta, (1982), Vogel, (1982), Gordon Júnior, (1996) destacam que a ascensão do racismo descrito por Mário Filho  revitaliza as teorias de um Brasil de inferioridade racial. De acordo com os autores, os sentimentos racistas que surgiram à época, seria uma evidência empírica de que o destino da sociedade brasileira estava condenado ao fracasso por causa de sua constituição racial.

Entende-se que dois mundos coexistem na memória coletiva da derrota 1950: o drama, no nível simbólico da cultura que revela a existência do racismo na sociedade brasileira e a "temporalidade do evento", com aspectos próprios de um jogo de futebol e, portanto, as razões da derrota são restritas à esfera do jogo (Damo, 2000).





ORA DISFARÇADO DE DIFERENÇA DE CLASSES, 
ORA DISFARÇADO PELO RACISMO AMIGÁVEL, 
MAS SEMPRE PRESENTE, 
A ESPREITA, 
SÓ ESPERANDO O MOMENTO CERTO 
PARA RESSURGIR.

Autora e Pesquisadora: Maria Magareth Cancian Roldi

BIBLIOGRAFIA CITADA

DAMO, A. S. Futebol e identidade social: uma leitura antropológica das rivalidades entre torcedores e clubes. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.

GORDON JÚNIOR, C. Eu já fui preto e sei o que é isso: história social dos negros no futebol brasileiro: segundo tempo. In: Pesquisa de campo. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 1996. p. 65–78.

NOGUEIRA, A.; SOARES, J. & MUYLAERT, R. A Copa que ninguém viu e a que não queremos lembrar. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

PERDIGÃO, P. A anatomia de uma derrota. São Paulo: L&PM, 2000.

RODRIGUES FILHO, M. O negro no futebol brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.

SOARES, A. J. Futebol, raça e nacionalidade: releitura da história oficial. 353 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação Física, Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro, 1998.

VOGEL, Arno. O momento feliz - Reflexões sobre o futebol e o ethos nacional. In: DAMATTA, R. Universo do futebol: esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982. p. 75 – 115.







terça-feira, 17 de junho de 2014




A revista Veja - Edição 2011, de especial com Anderson Schineider/WPN, 
apresenta a dialética Brasileia da política racial no sistema de cotas, 
quando tenta classificar pessoas utilizando critérios de morfológicos de cor, 
sem levar em consideração outros atenuantes, sociais, econômicos 
que sustentam discriminação racial e por classe no país. 



Gêmeos Alex e Alan Teixeira da Cunha, filhos de pai negro e mãe branca, tornam-se alvo de polemica ao serem classificados um como negro e outro como branco, no processo seletivo da Universidade Federal de Brasília, é uma prova dos perigos em tentar classificar as pessoas usando características morfológicas como critério racial, em várias partes do mundo foi tentado, mas não deu certo, estas práticas sustentaram ideologias que fundamentaram ideais nazistas e o apartheid sul-africano, criando campos de concentração e guetos.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/060607/p_082.shtml. 

"No início de maio de 2007, os estudantes Alan Teixeira da Cunha, de 18 anos, e seu irmão gêmeo, Alex, foram juntos à Universidade de Brasília (UnB) para se inscrever no vestibular. Visto que têm pele morena, eles optaram disputar o concurso por meio do sistema de cotas raciais. Desde 2004, a UnB – e outras 33 universidades do país – reserva 20% de suas vagas a alunos negros e pardos que conseguem a nota mínima no exame. Alan e Alex são gêmeos univitelinos, foram gerados no mesmo óvulo e, fisicamente, são idênticos. Eles se inscreveram no sistema de cotas por acreditar que se enquadram nas regras, já que seu pai é negro e a mãe, branca. Seria de esperar que ambos recebessem igual tratamento. Não foi o que aconteceu. Os "JUÍZES DE RAÇA" olharam as fotografias e decidiram: Alex é branco e Alan não. Alan, que quer prestar vestibular para Educação Física, foi classificado como preto na subcategoria dos pardos e pode se beneficiar do sistema de cotas. Alex, que pretende cursar Nutrição, foi recusado. "NÃO SEI COMO ISSO É POSSÍVEL, JÁ QUE EU E MEU IRMÃO SOMOS IGUAIS E TIRAMOS A FOTO NO MESMO DIA", diz Alex, que recorreu da decisão”.
(ZAKABI & CAMARGO, 2011 ).

São vários tipos de exclusão que a sociedade não branca vem sofrendo pela política não racista brasileira, causando uma dialética encoberta por práticas excludentes e discriminatórias, assegurando uma falsa crença que não existe preconceito no país. É notório avaliar que estas práticas sociais fazem parte de ideologias segregacionistas que classificam pessoas e as manipulam a ocuparem segmentos sociais mais baixos e menos privilegiados. Seguindo esta hipótese, como aluno de Curso de Pós Graduação de Gestão em Politicas Públicas em Gênero e Raça / GPP- GeR, e a partir das discussões em torno de: HEILBRON,2010 - que discute as questões de gênero e raça, seus conceitos e as interfaces nos meios sociais, é correto pensar em hierarquias de classes e culturas, para sustentar segmentos da pirâmide social brasileira. Ao analisar que o Curso de Educação Física faz parte do sistema de licenciaturas que servem para formação de professores, uma categoria universitária popular no aspecto de ascensão social no país, com bases filosóficas  é correto pensar que o Curso de Nutrição, é destinado pessoas voltadas á área em torno das ciências médicas que sustentam uma classe branca e privilegiada no país, assim entramos no contexto social, podendo também concluir que a decisão em classificar um gêmeo no Curso de Educação Física como negro e o outro como Branco no Curso de Nutrição, usando o critério apenas da morfologia, entra nos conceitos que sustentam ideais profissionais que asseguram a submissão e o controle social, através de acesso e meios que promovem uma classe em detrimento a exclusão da outra. 

Ao classificar um gêmeo em cor negra, para o Curso de Educação Física, assegurou indiretamente uma possibilidade de imersão no curso de nível superior dentro de um contexto profissional menos privilegiado, não causando apelo representativo na manutenção do "STATUS QUO" social, como professor estaria incluso na margem populacional brasileira voltada para cursos de meio período, variando aos turnos noturno ou vespertino, com interesse da  população que necessita de qualificação universitária para se inserir no mercado de trabalho, ficando inserido em níveis salariais voltados para a classe, ficando preso a academias e escolas. Em contra partida ao negar a política de cotas e colocar o outro irmão, no processo seletivo na concorrência universal de vagas para o Curso de Nutrição, implanta as barreiras invisíveis que sustentam profissões para uma determinada classe branca, que usufrui de cursos de período integral, favorecendo segmentos da área das especialidades médicas para a população bem sucedida, oriunda de escolas particulares com grande eficiência pedagógica e  intelectual. Acaba por estimular a exclusão, sustentando profissões que exercem apelo social, nível salarial e carga horária flexível para determinados alunos oriundos de classes bem favorecidas e profissões á nível técnica, de apelo popular, como poucas possibilidades salariais e espaços restritos de atuação para uma parcela da sociedade mais vulnerável. Os profissionais do segmento nutricional se enquadra nos mesmos privilégios da classe médica, que se insere para pessoas vindas de determinada parcela da sociedade que possui características comuns: ricas e brancas. Esta profissão pode ser exercida em hospitais, clínicas especializadas, espaços públicos, espaços próprios entre tantos outros, podendo ter variabilidade de salarial, demanda de serviço e flexibilidade social, faz parte do ideal de vida de uma população que mantém seus privilégios.

O preconceito brasileiro sofre uma influência complexa e dinâmica. A raça na perspectiva social, politica e histórica, é uma categoria que aloca indivíduos no mesmo espaço social, não possui bases biológicas, mas, existência social do ponto de vista simbólico, impactando na maneira como as pessoas se relacionam e constroem hierarquias sociais. (HEILBORN, 2010). O preconceito baseado ao estigma da aparência física negroide associa a escravidão, justificando a posição de subordinado, ideologias que traços físicos brancos são valorizados sem questionar da origem, e ao “considerar que a maioria da população negra é pobre, levou muitos pesquisadores a interpretar como preconceito de classe.” (Nogueira apud HEILBRON, 2010). 

A assimetria do preconceito no Brasil nos leva a dialética de afirmar um não racismo, contudo mascarado por uma cortesia superficial que encobre atitudes e comportamentos discriminatórios.  “A raça e a classe são constituídas simultaneamente e reciprocamente na dinâmica das relações sociais, jogos das forças sociais.” (IANNI, 2004, p.147). Neste contexto o preconceito racial e o de classe, geram discriminação, intolerância, desigualdades de acesso aos direitos sociais, políticos, culturais, jurídicos e violência nas diversas manifestações. As cidades brasileiras são frutos de um processo histórico de má distribuição de renda, criminalização da pobreza e o preconceito é um instrumento que associa desigualdade racial e classe causando vários distúrbios sociais.


Texto de  Rosana Zakabi e Leoleli Camargo
Revista Veja - Edição 2011
Especial: Gêmeos idênticos – para UnB um é negro outro é branco.
Acesso em 17 de junho de 2014 – Disponível em: http://veja.abril.com.br/060607/sumario.shtml


"OS GENES QUE DETERMINAM A COR DA PELE DE UMA PESSOA SÃO UMA PARTE ÍNFIMA DO CONJUNTO GENÉTICO HUMANO – APENAS SEIS DOS QUASE 30.000 QUE POSSUÍMOS", diz a geneticista Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em parceria com o geneticista mineiro Sérgio Pena, Maria Cátira é autora de um estudo recente que mostra que os negros brasileiros por parte de pai têm em média mais genes europeus do que africanos. Sérgio Pena, por seu turno, divulgou outro estudo, feito em parceria com a BBC Brasil, mostrando que várias celebridades negras brasileiras também têm forte ascendência europeia. "ESSES ESTUDOS MOSTRAM QUE É IMPOSSÍVEL DIVIDIR A HUMANIDADE EM RAÇAS", diz Pena. O grande geneticista italiano Luca Cavalli-Sforza, em seu monumental estudo sobre as raças humanas lançado em 1995, resumia: "NÃO É QUE TODOS OS SERES HUMANOS SEJAM IGUAIS, MAS AS VARIAÇÕES DENTRO DE UMA MESMA COMUNIDADE SÃO TÃO GRANDES QUANTO ENTRE COMUNIDADES DIFERENTES". 



A diferença de cor de pele é um fenômeno relativamente recente na história da humanidade. Quando o Homo sapiens surgiu, há 200.000 anos, todos tinham a pele negra e habitavam a África. À medida que foram se espalhando pelo mundo, as populações se adaptaram aos novos ambientes. Os cientistas acreditam que a seleção natural exercida nesses ambientes tenha dado origem às diferentes cores de pele e características anatômicas que distinguem as raças. Na África, a pele escura do ser humano foi preservada para protegê-lo do alto grau de radiação ultravioleta do sol. O grupo que migrou para o norte da Europa sofreu uma pressão seletiva no sentido do clareamento da pele para aproveitar melhor o sol fraco e sintetizar a vitamina D, essencial para os ossos. Toda essa diferenciação no tom de pele ocorreu nos últimos 20.000 anos, segundo geneticistas. O Brasil, que tinha o privilégio de ser oficialmente cego em relação à cor da pele de seus habitantes, infelizmente corre o risco de ser mergulhado no ódio racial. 


A discriminação do diferente ou estrangeiro é tão antiga quanto a civilização. Os gregos viam com desprezo os estrangeiros e os chamavam de "bárbaros" – significando "aqueles que gaguejam" –, por não saberem falar grego. No século XX, a discriminação racial se amparou no raciocínio de cientistas, sociólogos e pensadores hoje relegados à lata de lixo da história. Em 1883, o inglês Francis Galton criou o conceito de eugenia, que pregava o aperfeiçoamento humano através do cruzamento seletivo entre pessoas com características desejáveis, como inteligência ou força física. Pouco antes de Galton, disseminaram-se com sucesso as ideias do franzino e arrogante conde francês Joseph-Arthur de Gobineau. Em seu célebre ensaio A Desigualdade das Raças Humanas, Gobineau defendia a tese de que os alemães, descendentes de um povo mítico, os arianos, representavam a raça suprema no mundo moderno. Chefe da delegação francesa ao Brasil em 1869, o conde previu que logo o país se tornaria terra despovoada em conseqüência dos casamentos inter-raciais. Gobineau achava que negros, brancos e índios não apenas formavam raças diferentes, mas espécies completamente distintas. Portanto, o cruzamento entre elas produziria descendentes estéreis, como a égua e o jumento resultam na mula. Além de pisotear a Constituição, tratando negros e brancos de forma desigual, projetos NESTES SEGMENTOS CIMA CITADOS de separar os brasileiros e definir direitos com base na "raça" é também um disparate científico. 



Autor e Pesquisador: Alex Santiago Duarte

REFERÊNCIAS:

HEILBORN, ARAÚJO & BARRETO. Maria Luiza, Leila & Andreia. Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça / GPP – GeR: móduloIII. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

IANNI, Octavio. A dialética da globalização. IN: Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

ZAKABI & CAMARGO,  Rosana & Leoleli. Especial: Gêmeos idênticos – para UnB um é negro outro é branco. Revista Veja - Edição 2011. Acesso em 17 de junho de 2014, 09h02min – Disponível em: http://veja.abril.com.br/060607/sumario.shtml

sexta-feira, 13 de junho de 2014

DEBATEANDO TEMAS - CRANIOLOGIA, FISIOGNOMIA E CARACTEROLOGIA

Uma pseudociência é uma falsa ciência, ou seja, um conjunto de idéias e teorias que são incorretamente apresentadas como científicas ou comprovadas, com o objetivo de alcançar legitimidade frente ao público em geral. Boa parte delas é baseada puramente em crenças antigas, que datam de uma época onde o pouco conhecimento que o homem tinha do universo, levava forma compreensível e a especulações fantasiosas.

A crença na influência dos corpos celestes em eventos terrenos, por exemplo, é uma herança de culturas primitivas que viam o Sol, a Lua e outros astros como deuses. Apesar de seu caráter divino ter sido abandonado à medida que a astronomia revelou sua natureza ordinária, os poderes dos astros celestes ainda são estudados pela astrologia. Outras pseudociências deturpam conceitos científicos comprovados, de forma a usá-los em suas explicações e teorias. 

Pseudociências médicas, por exemplo, anunciadas como curas eficazes para uma variedade de doenças, podem causar danos à saúde que vão desde um simples atraso na cura de uma condição médica de baixa gravidade até a morte. Danos consideráveis também são causados quando uma pseudociência se infiltra no sistema político ou educacional. "É indiferente aos critérios para estabelecer evidencia válida, é subjetiva, depende de convenções arbitrárias a cultura humana ao invés de regularidades imutáveis da natureza." (COKER, 2012).


"O Homem Vitriviano" Leonardo da Vinci, -Acesso em 13 de junho de 2104, 10h02min. Disponível em : http://webs.adam.es/rllorens/picuad/leonardo_files/leofig01.jpg



Ao analisar o desenvolvimento das ramificações científicas no decorrer da História da Humanidade, segundo historiadores no começo do século XIX a física, a astronomia, a química já estavam estabelecidas no universo científico, enquanto a Medicina foi a última ciência a se desenvolver.
"Atrelada a princípios e diagnósticos da antiga teoria grega e métodos terapêuticos Bárbaros" (SABBATINI, 2011). Os métodos não eram nada convencionais sendo utilizada a sangria, a cauterização de feridas com fogo ou óleo fervente e medicamentos a base de raspa de caveira de enforcado com barba de morcego. 



Diferenças morfológicas entre o Homem e a  Mulher - "Perícias Criminais Tecnologia do Bem" Acesso em 13 de junho de 2014, 10h35min. Disponível em: http://periciasandremarquesrecacho.blogspot.com.br/p/anatomia-e-fisiologia-humanas.html. 

A craniologia, a fisiognomia e a caracterologia surgiram no espaço científico como pseudociências médicas e antropológicas utilizando como apoio conceitual o método cientifico experimental solidificado por Galileu, Newton e Lavosier, gerando interpretações e aplicações errôneas. Com o desenvolvimento das pesquisas científicas, estas teorias no futuro "foram jogadas no lixo da história da ciência médica"(SABBATINI, 2011).  A Frenologia surgiu ditando tendências para o eixo da craniologia, desenvolvida por um médico Alemão Franz Josep Gall (1758-1828), pioneiro na noção que diferentes funções mentais são realmente localizadas em diferentes partes do cérebro. Conceitos mostra que a Frenologia (de phenos= mente e logos=estudo). 

O artigo " A anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso e do Cérebro em Particular" (GALL apud in SABBATINI, 2011). Neste artigo discute que os princípios das faculdades morais e intelectuais do homem são inatas e sua manifestação depende da organização do cérebro, propõe que o cérebro é composto de sub-órgãos particulares, relacionado ou responsável por uma determinada faculdade mental,e que, a forma externa do cérebro e o desenvolvimento dos órgãos associados causam mudanças no crânio, podendo ser usadas como diagnóstico das faculdades mentais particulares de cada indivíduo. Sua teoria tem base pela observação numerosa e cuidadosa de indivíduos após muitas medidas experimentais em crânios de parentes, amigos e estudantes. Seu argumento correlacionava certas faculdades mentais particulares a elevação e depressão na superfície do crânio, sua forma exterior e a dimensão relativa.





Gall pensava ter descoberto 37 faculdades mentais particulares , elevações e depressões na superfície do crânio ósseo. Suas explicações estavam argumentados no contexto que essas marcas externas do crânio era resultado da hipertrofia de determinadas estruturas cerebrais internas. Este perído da história a ciência médica procura dissociasse da influencia religiosa, esta teoria sustentou ideias onde a alma, as virtudes, os vícios, as razões e as emoções dos seres humanos eram unicamente determinadas por leis naturais e recorriam do cérebro e da evolução, sem imperativos divinos. Utilizavam mapas frenológicos para diagnosticar características mentais e psicológicas das pessoas, pela apalpação dos calombos no escalpo e sua identificação nos mapas preparados. 

A craniologia foi uma pseudociência que classificava as pessoas de acordo com a raça, temperamento criminal e inteligência. Tornou-se influente na Era Vitoriana e foi usada por britânicos para justificar o racismo, a colonização e o domínio sobre o que denominava-se "RAÇAS INFERIORES", como os irlandeses e a tribos negras africanas. O pragmatismo de raça inferior estava diretamente associada a classificação de homem em relação a própria evolução  - os chipanzés e macacos. Nesta época surge a antropologia criminal, pelo médico italiano Cesare Lombroso (1835-1909) associava determinava características corporais ao tipo de criminoso, afirmando que maxilas proeminentes eram de pessoas com tendência a cometer assassinatos e mãos longilíneas e barbas ralas de pessoas com forte tendência a cometer roubos.

O uso da antropometria pseudocientífica foi feita pelos antropólogos e médicos nazistas, no "Departamento de Higiene Racial do Ministério do Interior e no Escritório para Esclarecimento da Política Populacional e Bem-Estar Racial," (SABBATINI, 2011) no qual propuseram a classificação de arianos e não arianos com base nas medidas quantitativas do crânio. Este conceito sustentava o ideal de uma raça superior, na qual o povo germânico constituía. Estas pseudo-teorias raciais foram inventadas por escritores, médicos, teóricos, políticos e grupos antissemitas - como O Barão de Coubetin, Alfred Rosenberg, Adolf Hitler e associados. Justificavam sua política criminosa com extermínio para todos os que não eram considerados arianos, os sub-homens (Untermenschen), para o crescimento da nação Alemã e posteriormente a dominação do mundo. 

Seguindo estas ideologias milhões de inocentes foram massacrados por esta grotesca pseudociência, tendo como cúmplices médicos e cientistas. MOvimentos dessa magnitude nos leva a refletir como esse tipo de pideologia pode fortalecer injustiças. Levando para o espaço geográfico brasileiro, na atualidade existe vários tipos de discussões no aspecto racial e de classe. Relacionando a cor e as oportunidades para a população, empregamos nossas opiniões e conceitos nada fundamentados sobre a política de cotas e o racismo,  chegando a sustentar que no país não existe preconceito e nem tao pouco racismo, estas falácias mascaram um cortesia superficial que encobre atitudes e comportamentos discriminatórios. Acabamos promovendo o ciclo das desigualdades, seja no contexto antropológico, no aspecto de direitos sociais, na política de integração, no campo educacional e nos vários tipos e segmentos culturais. Partindo do contexto que que todo preconceito gera discriminação, intolerância, desigualdades de acesso aos direitos sociais, políticos, culturais, jurídicos e violência nas diversas formas de manifestação.

Vamos ampliar nosso intelecto para construir ações onde a paridade seja sustentada pela equidade de oportunidades, o homem não seja julgado ou excluído por causa de suas característica físicas, mas por sua capacidade de ampliar conceitos e articular conhecimentos, usando de forma sustentável e regulamentando aspectos na área da sociabilidade das diferentes matrizes genéticas no país.

Autor e Pesquisador: Alex Santiago Duarte

Referências:

  • SABBATINI. Renato M. E. História da Medicina - Craniologia: a pseudociência médica. Revista Ser Médico. Edição 56. Julho-Setembro, 2011. pag. 27.
  •  SABBATINI. Renato M. E. Artigo - Frenologia: A História da localização Cerebral. Acesso em 13 de junho de 2014, 09h29min. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenologia_port.htm.
  • HEILBRON, ARAÚJO & BARRETO. Maria Luiza, Leila & Andreia. Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça / GPP - GeR: módulo III. Rio de Janeiro: CESPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

REMANESCENTES DA PSEUDOCIÊNCIA DA ERA VITORIANA

"O QUE PASSA COM AS GAROTAS E A CIÊNCIA?" (SUMMER, Lawrence. 2004)

Esta pergunta foi realizada em uma Conferência de Ciência, pelo Ex-Presidente da Universidade de Havard, o Sr. Lawrence Summer e vem provocando várias discussões no espaço acadêmico e feminista,  na integra carrega a intenção de sugerir diferenças genéticas entre homens e mulheres no contexto intelectual. O Cientista e Astrofísico - Neil de Grasse Tyson, apresenta um discurso pelo senso moral para explicar nossa natureza humana, considerando questões científicas e a vida  cotidiana, o sexo, a cor e a possibilidade de ascensão social em uma sociedade machista e branca.

" Há de encontrar um sistema onde as oportunidades sejam iguais, e depois falamos sobre diferenças genéticas" (TYSON. Neil de Grasse, 2004)

ASSISTA O VÍDEO NA INTEGRA OU ACESSO O LINK ESCRITO ABAIXO:



A resposta de Tyson é brilhante, merece ser vista, divulgada e debatida no universo escolar, levanta vários argumentos onde determinadas críticas e perguntas encobertas de posturas descriminatórias podem ser refutadas utilizando-se de nossa experiencias de vida, o nosso conhecimento prático são armas didáticas e esclarecedoras. Quando Tyson inicia seu argumento falando: "EU NUNCA FUI FÊMEA, MAS... TENHO SIDO NEGRO A VIDA TODA!" Esta comparação suave é uma crítica social a posturas e pensamentos que rotulam umas pessoa das outras, colocando as MULHERES e os NEGROS com esteriótipos inferiores, devendo ocupar também papeis inferiores na sociedade. Ainda é resultado de uma cultura machista, racialista, preconceituosa e discriminatória que utiliza a genética para impedir a ascensão social por conta do sexo e da cor da pele.  Esta lição de vida nos leva a pensar nos resquícios da pseudociência da era vitoriana, levando a velha teoria que massacrou milhares de seres humanos na Segunda Guerra Mundial.

COLOCANDO EM PRATOS LIMPOS - o artigo: SEX ED, por PINKER, 2005; publicado na Revista "The New Pepublic" e ocupante da cadeira Johnstone de Psicologia da Universidade de Harvard, argumenta a intensão da pergunta do reitor com três explicações possíveis  para as disparidades de gênero na ciência moderna. O artigo faz parte de uma obra que analisa as palavras e seus significados e como usar as preposições e termos para expressar a nossa visão de mundo.  O fato é que o reitor não assumiu publicamente que as mulheres são inferiores, ou apresenta uma proposta que indique uma deficiência genética intelectual e cognitiva, mas serve para discutimos os conceitos e as disparidades em relação ao gênero no aspecto da sociologia e do mundo do trabalho. 


"Há pelo menos três explicações possíveis para o fato de não haver tantas cientistas. 

  • A Primeira delas é a persistência da discriminação; 
  • A Segunda é que em um ambiente competitivo, a discriminação é autolimitadora na medida em que as instituições meritocráticas vão passar à frente das instituições sexistas, convocando para seu lado as melhores profissionais;
  • A Terceira é que a educação dos filhos, tarefa que ainda recai sobre as mulheres, não convive facilmente com profissões que exigem dedicação hercúlea em termos de tempo. (PINKER, 2005)".  
As alegações de Summer possuem outras formas de pensar a carreira feminina e sua inserção no espaço universitário, produtivo e científico; "Muitas vezes a mulher chega no auge de sua produtividade mais tarde que os homens, ressurgindo após seus filhos saírem de casa.(PINKER,2005)" 

É correto pensar que o pensamento de Summer afirma a causa das disparidades de gênero a partir das diferenças inatas, mas não é a única causa da alegação, é insensato ter apenas um olhar para este contexto, e ficar preso a conceitos vitorianos. A velha teoria que o pensamento profundo prejudica as mulheres porque desvia o fluxo sanguíneo de seus ovários para seus cérebros,  de fato que "homens e mulheres são diferentes, mas isso não significa que estas diferenças sejam provocadas pelos genes, algumas das diferenças são tão efêmeras quanto as diferenças entre a cor dos cabelos e as roupas. (PINKER, 2005)". 


Pesquisa e Revisão Bibliográfica: Alex Santiago Duarte
Indicação do vídeo: Margareth Cancian Roldi

Referências:

Pergunte sobre genética a Neil De Grasse Tyson. Vídeos do You tube. Acesso em 09 de junho de 2014, 08h30min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U7ziyJobvgI.

PINKER, Steven. SEX ED. Revista The New Pepublic, em 14 de fevereiro de 2005. Acesso em 09 de junho de 2014, 11h35min. Disponível em: http://www.newrepublic.com/article/sex-ed.