O munícipio de Santa Teresa,
mesmo tendo uma colonização predominantemente italiana, também apresenta um
histórico de escravidão e racismo em sua história, bem como histórico de lutas
pela liberdade desses escravos, tal qual o que ocorreu em grande parte de nosso
país.
Em matéria, o Jornal A
Tribuna, baseado no livro São Roque do Canaã – Uma história de Fé, Trabalho e
Vitórias, conta um pouco dessa história de luta no município. Essa é a história
de José Calhau que ocorreu em 1898, tropeiro, mascate e jagunço mineiro que
lutou para pôr fim a tirania de José Luiz Vivaldi, imigrante italiano, militar
que odiava os negros.
Vivaldi, nomeado Capitão da
Terceira Companhia do Quinto Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, em 1893,
sendo responsável pela região de Cachoeira de Santa Leopoldina, implementou seu
domínio militar caracterizado por sua hostilidade e terror, torturando os
negros da comunidade de São João Petrópolis, no município de Santa Teresa,
tendo decidido não cumprir a Lei Áurea assinada em maio de 1988, pela Princesa
Isabel.
Capitão José Luiz Vivaldi reprodução de família |
José Calhau, tendo
conhecimento dos horrores cometidos por Vivaldi, decidira pôr fim a tirania de
Vivaldi, preparando seu bando, de 30 homens, para o ataque. O plano chegou aos
ouvidos de Vivaldi, que colocou sua milícia de 36 homens de plantão – o
Batalhão 36. Sabendo disso, José Calhau espalhara o boato de que desistiria do
ataque.
Dessa forma, em 02 de
novembro de 1898, Calhau e seu bando invadiram o Barracão de Petrópolis, dando
fim a tirania de Vivaldi, que fora espancado e apunhalado diversas vezes, sendo
tratado da mesma maneira que tratava os negros. Calhau ateara fogo no sobrado
de Vivaldi, sendo este salvo por homens sobreviventes de sua milícia, sendo
levado para uma gruta, perto de onde está localizada a Escola Agropecuária
Federal de Santa Teresa, onde recebeu atendimento médico e se recuperou. Porém,
ficou com uma sequela no braço direito. O capitão morreu em 9 de novembro de
1939, aos 83 anos. Seus restos mortais estão hoje em um túmulo simples no
cemitério de São João de Petrópolis.
Através dessa história,
podemos conhecer um pouco do contexto em relação a escravidão, não apenas no
Espírito Santo, mas principalmente no município de Santa Teresa, bem como as questões de discriminação pós-abolicionista.
Por Joyce Minchio
Pesquisas na Comunidade Pólo - Santa Teresa / ES
Casos de Discriminação e Preconceito Racial
Referências
Fonte: Matéria em A Tribuna,
baseada no livro São Roque do Canaã – Uma história de Fé, Trabalho e Vitórias,
de Luiz Carlos Biasutti e Arlindo Loss. – 16/11/2008
MORRO DO MORENO – Revolta do
Calhau. Disponível em: <http://www.morrodomoreno.com.br/materias/revolta-do-calhau.html>.
Acesso em 14/07/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário