Este módulo tem o objetivo
de refletir sobre o caráter crucial das políticas públicas na superação das
desigualdades de gênero e raça. Reflete sobre o conceito de políticas públicas,
ao destacar o protagonismo da sociedade civil na remodelação do modo de fazer
política ao explicitar os interesses e pontos de vistas de grupos
historicamente marginalizados (Heilborn, et al., 2010).
Políticas essas, que são
ações dos governos visando atender o interesse da sociedade, mais precisamente
a segmentos específicos desta. Governo, como organização, que é a autoridade
administrativa ou gestora de uma unidade política, diferentemente de Estado que
são as unidades políticas (municípios, estados, nações), que se apresentam sob
a forma de repúblicas e/ou democracias, e, neste sentido, dizem respeito ao
modo como o poder é exercido e quem exerce o poder (Heilborn, et al., 2010).).
Traz elementos para a
discussão de conceitos de diversidade e desigualdade, assinalando as situações
em que a diferença é vista como sinônimo de subalternidade. Remete-nos ao
princípio geral da igualdade perante a lei que começou a ser questionada,
quando se percebeu que a igualde de direitos sozinha não contempla os
socialmente desfavorecidos da mesma forma que os socialmente privilegiados
(Dray, 1999). É nesse momento histórico
se inicia um novo paradigma, as atenções e estudos passam levar em consideração
as demandas e os questionamentos dos movimentos sociais. Neste novo contexto, a
neutralidade não encontra mais espaço (Gomes e Silva, 2003).
Do mesmo modo defini
políticas públicas universalistas e políticas afirmativas, apontando os limites
e os resultados alcançados em cada modelo, e os atuais desafios do setor
público para responder às expectativas sociais de garantia de direitos dos
grupos socialmente desfavorecidos (Heilborn, et al., 2010). As políticas
públicas universais objetivam garantir as condições mínimas de subsistências a
aqueles que não conseguem uma renda mínima para garantir seu sustento, e
políticas afirmativas, também denominadas de políticas focais, que determinam a
grupos específicos os benefícios dessas políticas (focais) temporárias
(Marsiglia, 2005).
REFERÊNCIAS:
DRAY, M. O Princípio da
Igualdade no Direito do Trabalho. Ed. Livraria Almedina, Coimbra, 1999.
GIDDENS, A. The consequences of modernity. Stanford,
California: Stanford university Press, 1990.
GOMES, J., B., B. e SILVA,
F., D., L., L. As Ações Afirmativas e os processos de promoção da igualdade efetiva.
Seminário Internacional As Minorias e o Direito. Série Cadernos do CEJ, 24,
2003, p. 272.
HEILBORN, M. L.; ARAÚJO, L.
& BARRETO, A. Orgs. Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPP-Ge.
Módulo I Orgs. In: O que são políticas públicas. Rio de Janeiro. CEPESC;
Brasília: secretaria de políticas para as mulheres. 2010.
MARSIGLIA, R. M. G.,
SILVEIRA, C., CARNEIRO JUNIOR, N. Políticas sociais: desigualdade,
universalidade e focalização na saúde no Brasil. Saúde soc., n. 2, v. 14, 2005.
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Este módulo apresenta e
discute as políticas públicas traçadas para atender as exigências quanto à
identidade de gênero e a interseção com a identidade étnico-racial. Como
exemplo, de políticas públicas atendendo tais exigências, podemos citar o
direito ao voto feminino no Brasil, no qual foi uma grande conquista para as
mulheres, o fato traz em sua história uma série de lutas envolvendo homens e
mulheres para garantir esse direito (Heilborn, et al., 2010).
O direito a voto foi o
primeiro passo para igualar homens e mulheres. De lá pra cá muitas foram os
avanços que permitiram a mulher maior liberdade para lutar por causas sociais,
e com isso conquistar mais espaço no cenário político nacional, proporcionando
que hoje existam mulheres em praticamente todos os cargos eletivos.
Mas, estas conquistas não
significam uma mudança radical na condição das mulheres, principalmente das
negras, indígenas e pobres. Conquistas que estão intimamente ligadas a
cidadania. Benevides (2000) afirma que para ocorrer cidadania, se faz
necessário à participação das pessoas como indivíduo ou como um grupo
organizado, nas mais variadas áreas de atuação da sociedade e na esfera
pública. A autora salienta que, a cidadania deve ser democrática e fundamentada
nos pilares da democracia, que são a liberdade e a igualdade. Liberdade que,
segundo a autora, recupera todo o processo de garantia dos direitos individuais
e das liberdades públicas e a igualdade, no sentido do seu reconhecimento, a
todos os seres humanos, em relação aos direitos fundamentais para a obtenção
uma vida digna.
Foi assim que os movimentos
que envolvem mulheres no Brasil cresceram, exercendo seu poder de cidadãs. Portanto, os cidadãos/ãs não devem omitir-se
e nem permitir que alguém lhes impeça o direito de participar. Essa
participação deve ser ativa, apresentando sugestões, críticas e também na
atuação com outros que já estão atuando. (Marques, 2014). É no exercício de cidadania,
a partir do debate público, que se concretizam soluções coletivas nos setores
organizados e que tais propostas possam repercutir no plano da agenda política
do Estado (Heilborn, et al., 2010).
Nesse sentido, os gestores públicos devem ter compromisso de promover e garantir os direitos das mulheres, contribuindo assim para uma agenda de políticas públicas mais equânimes (Heilborn, et al., 2010).
Autora e Pesquisadora: Maria
Magareth Cancian Roldi
BIBLIOGRAFIA CITADA
BENEVIDES, M. V. Entrevista
realizada por Silvio Caccia Bava, diretor da ABONG, janeiro de 2000.
HEILBORN, M. L.; ARAÚJO, L.
& BARRETO, A. Orgs. Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPP-Ge.
Módulo II Orgs. In Políticas públicas e gêenro. Rio de Janeiro. CEPESC;
Brasília: secretaria de políticas para as mulheres. 2010.
MARQUES, L. G. A Cidadania
segundo Herbert de Souza. A voz do cidadão, 20 de maio de 2014. Disponível em http://www.avozdocidadao.com.br/detail
AgendaCidadania.asp?ID=1823. Acesso em 20/05/2014.
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O módulo três traz uma
retrospectiva histórica da construção do conceito de raça. “O conceito de raça,
tal como o empregamos hoje, nada tem de biológico. É um conceito carregado de
ideologia, pois como todas as ideologias ele esconde uma coisa não proclamada:
a relação de poder e de dominação” (Munanga, 2003). Nesse sentido, o racismo,
que é indissociado da construção de raça, é abordado como um fenômeno híbrido e
multifacetado, que se combina com outros fenômenos, como o nacionalismo, o
imperialismo, o etnocentrismo, o classismo etc. Devem-se incluir no fenômeno não
apenas as manifestações mais agressivas e evidentes de intolerância e ódio
racial, mas também as situações de racismo implícito ou simbólico, que escapam
às categorizações mais óbvias do racismo segregacionista (Heilborn, et al.,
2010).
É apresentado também o
protagonismo dos movimentos negros e, especialmente de mulheres negras, na
produção de diagnósticos sobre as desigualdades raciais e na proposição de
políticas de promoção da equidade (Heilborn, et al., 2010). Esses movimentos se
iniciam logo após a libertação dos escravos. De cunho eminentemente
assistencialista, recreativo e/ou cultural. Simultaneamente, apareceu o que se
denominou imprensa negra: jornais publicados por negros e elaborados para
tratar de suas questões (Ciconello, 2008). Os anos de vigência do Estado Novo
(1937-1945) foram caracterizados por violenta repressão política,
inviabilizando a existência dos movimentos. Com a queda da ditadura de Vargas,
o movimento negro organizado ressurgiu, com objetivo de elevar o nível
econômico e intelectual das pessoas de cor em todo território nacional, para
torná-las aptas a ingressarem na vida social e administrativa do país, em todos
os setores de suas atividades (Ciconello, 2008).
O golpe militar de 1964
trouxe a desmobilização das lideranças negras e a reorganização do movimento
apenas ocorreu no final da década de 1970 (Ciconello, 2008). O embrião do
movimento foi à organização marxista, de orientação trotskista e a Convergência
Socialista. Desenvolveu-se a proposta de unificar a luta de todos os grupos e
organizações antirracistas em nível nacional. Os anos pós-Constituição de 1988
registraram avanços nas lutas dos movimentos negros e mesmo numa maior
aceitação por parte da sociedade. Merece
menção a realização, em 1995, da Marcha Zumbi dos Palmares, contra o Racismo,
pela Igualdade e a Vida (Ciconello, 2008).
Por: Maria Margareth Cancian
Roldi
BIBLIOGRAFIA CITADA
CICONELLO, A. O desafio de
eliminar o racismo no Brasil: a nova institucionalidade no combate à
desigualdade racial. 2008. Disponível em http://www.ceap.br/material/ MAT24052014223326.pdf.Acesso em 16/06/2014.
HEILBORN, M. L.; ARAÚJO, L.
& BARRETO, A. Gestão de Políticas Públicas em gênero e raça/GPP-Ger: módulo
III (orgs.) Rio de Janeiro: CEPESC,
Brasília:Secretaria de Políticas para as mulheres, 2010.
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RESUMO DO MÓDULO
O módulo quatro busca a compreensão sobre as transformações
sociais, políticas e econômicas pelas quais passaram o mundo contemporâneo e o
Brasil desde o início de sua colonização até os anos recentes. Após a
independência do Brasil o cidadão tem um novo papel político e social
substituindo quaisquer alusões ás divisões sociais de classe características do
Antigo Regime. Os cidadãos percebem que os valores do poder público não somente
deveriam ser preservados, mas que ele também deveria zelar por estes valores,
imbuindo-se neles.
Também são estudados os diversos significados que a
Cidadania teve no decorrer da Era Contemporânea e nos diferentes momentos da
história brasileira. Reflete os papéis do Estado e da Sociedade, em diferentes
momentos históricos, em relação ao problema da desigualdade social. A história
do Brasil é permeada por dívidas históricas como a foi à escravidão entre os
anos de 1500 a 1888, a Constituição de 1891 que priorizou a educação
universitária dos filhos da elite nacional e o golpe de 1964 onde os pobres
ficaram mais pobres e os ricos mais ricos, no mesmo período houve intervenção
nos sindicatos, proibição de várias entidades sociais e repressão ao movimento
reivindicatório. Identifica os principais elementos históricos que caracterizam
o direito público no Brasil e conceitua as ações afirmativas e normativas
jurídicas. Sendo três articulações entre o nascimento do direito e o
desenvolvimento da sociedade brasileira, a manutenção do poder, os grupos ou
povos dominados e a divisão de classes sociais.
Busca compreender as diferenças entre Política Pública de
Governo e Política Pública de Estado. Dessa forma, a base para
conceber as relações entre Estado e indivíduos passa a ser: a supremacia da
Constituição, a separação dos poderes, a supremacia da lei e a garantia dos
direitos individuais, onde o Estado é entendido como uma pessoa jurídica e de
direito público.
No entanto, a construção do Estado Democrático de Direito
exige governos comprometidos com o avanço da sociedade, além de uma política de
inclusão, uma atuação eficiente dos agentes públicos na consecução do programa
político do governo eleito e a tradução deste programa através das políticas
públicas nas áreas e temáticas que contribuam para a promoção da igualdade e
para o exercício da cidadania. Tais políticas são diretrizes que devem estar
alicerçadas em princípios, tendo por finalidade subsidiar a ação do poder
público, sua elaboração deve se entendida e concebida tanto no seu aspecto
técnico/administrativo como no político, levando-se em consideração além dos
recursos financeiros, para sua efetivação, a participação da sociedade civil.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
HEILBORN, M. L., ARAÚJO, L., BARRETO, A. Gestão de Políticas Públicas em Gênero e
Raça/GPP – GeR: módulo IV (orgs.). In: Estado, sociedade e cidadania: O direito
como instrumento de transformação social. CEPESC; Secretaria de Políticas
Públicas para as Mulheres, 2010.
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RESUMO DO MÓDULO
O módulo 05 apresenta o processo de transformação das políticas públicas no Estado brasileiro a partir da perspectiva da transversalidade, da intersetorialidade e da interseccionalidade, sobretudo no que concerne à influência dos movimentos sociais, como visto nos módulos anteriores (HEILBORN et al., 2010).
São apontados marcos históricos, conceituais e institucionais das políticas públicas de gênero e raça visando demonstrar como ocorreu, na contemporaneidade, a formulação e o desenvolvimento da noção e das práticas em torno da cidadania e, em especial, indicar a atuação dos movimentos sociais nesse âmbito (HEILBORN et al., 2010).
Nesse sentido ocorre uma reorientação do sentido das lutas e surgem os novos modelos de movimentos populares, como exposto nas palavras de Gohn (2004), sob este prisma, novos militantes políticos surgem com o intuito de firmar políticas públicas que vão ao encontro das novas propostas destes movimentos. Desse modo, podemos considerar Frei Betto (2006) um representante político e participativo dos novos movimentos.
O módulo busca caracterizar o ciclo e os instrumentos de planejamento e orçamento das políticas públicas, reflete sobre a importância de indicadores na formulação de políticas públicas de gênero e raça (HEILBORN et al., 2010).
Os indicadores são ferramentas úteis para a gestão pública, tanto para revelar a situação atual das políticas, bem como para produzir subsídios que permitam acompanhar sua evolução (BRASIL, 2012).
Caracteriza também o planejamento como instrumento de elaboração da ação, discute os equívocos e dificuldades da administração pública na formulação de políticas públicas de gênero e raça, apresentando característica que um gestor deve ter (HEILBORN et al., 2010).
É necessário que o gestor seja um bom administrador de recursos humanos, materiais e financeiros, bem como gerenciar bem o tempo na implementação do projeto. Deve também ser racional em questões de gerenciamento de recursos primando pela qualidade do projeto, sem deixar de se preocupar com os cofres públicos (HEILBORN, et al, 2010).
Finalmente, apresenta as etapas e características de convênios, termos de cooperação e parcerias e suas respectivas prestações de contas.
REFERÊNCIA BILBIOGRÁFICA:
BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Indicadores Orientações Básicas Aplicadas à Gestão Pública. 1ª Edição Brasília/DF – setembro de 2012.
HEILBORN, M. L., ARAÚJO, L., BARRETO, A. Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça/GPP – GeR: módulo V (orgs.). In: A transversalidade de gênero e raça na gestão pública CEPESC; Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, p.132-154. 2010.
GOHN, M. G. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade v.13, n.2, p.20-31, maio-ago 2004.
Os indicadores são ferramentas úteis para a gestão pública, tanto para revelar a situação atual das políticas, bem como para produzir subsídios que permitam acompanhar sua evolução (BRASIL, 2012).
Caracteriza também o planejamento como instrumento de elaboração da ação, discute os equívocos e dificuldades da administração pública na formulação de políticas públicas de gênero e raça, apresentando característica que um gestor deve ter (HEILBORN et al., 2010).
É necessário que o gestor seja um bom administrador de recursos humanos, materiais e financeiros, bem como gerenciar bem o tempo na implementação do projeto. Deve também ser racional em questões de gerenciamento de recursos primando pela qualidade do projeto, sem deixar de se preocupar com os cofres públicos (HEILBORN, et al, 2010).
Finalmente, apresenta as etapas e características de convênios, termos de cooperação e parcerias e suas respectivas prestações de contas.
REFERÊNCIA BILBIOGRÁFICA:
BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Indicadores Orientações Básicas Aplicadas à Gestão Pública. 1ª Edição Brasília/DF – setembro de 2012.
HEILBORN, M. L., ARAÚJO, L., BARRETO, A. Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça/GPP – GeR: módulo V (orgs.). In: A transversalidade de gênero e raça na gestão pública CEPESC; Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, p.132-154. 2010.
GOHN, M. G. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade v.13, n.2, p.20-31, maio-ago 2004.
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